![]() O poema é já uma síntese da filosofia epicurista, e a sua força reside precisamente nos notáveis exemplos usados por Lucrécio para demonstrar argumentativamente a veracidade das premissas de Epicuro. Quanto ao texto de Lucrécio, tentar resumi-lo é tarefa ingrata. Nesse sentido, vale a pena o duplo esforço que a ela tem de se devotar. ![]() Lê-la, portanto, tem a dupla dificuldade de ser uma tradução lírica e de estar numa escrita que já não nos é familiar (exemplos ao acaso, já que todas as páginas estão deles repletas: lettras, communs, ceo, immensos, fructos, systemas, sciencia, difficil, contal-os, etc.) Ainda assim, e não obstante estas dificuldades, esta versão, quando comparada com outras mais recentes (a de Agostinho da Silva e a de Luís Manuel Gaspar Cerqueira), parece-nos mais viva, mais natural e, por isso mesmo, mais tocante. O texto encontra-se disponível numa digitalização providenciada pela Google Books e que está no português de então. Todavia, justiça seja feita à tradução que António José da Silva Leitão fez e que, tanto quanto é possível na traição que é traduzir, mantém não só a lírica (a possível), mas também a força de um texto que quer ser muito mais do que um mero poema.Ī presente edição foi publicada em 1851. Numa obra lírica, a tradução o mais que pode é conseguir dar, talvez, um aroma daquilo que o original canta. ![]() Ler Lucrécio numa tradução é aceitar, à partida, o muito que se assim se perde. ![]()
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